«Uma coisa que foi muito importante para mim, foi sentir-me mais presente no meu corpo e na minha vida ao longo de todo o processo. Nunca tinha sentido tanta lucidez e, como a maioria das pessoas, nunca tinha passado quatro semanas dedicada tão intensamente a entender-me e a melhorar-me.»

Impulsionadas por ensaios clínicos impressionantes, algumas empresas estão a disponibilizar este tipo de terapia como benefício de saúde para os seus trabalhadores – mais quais são os riscos desta crescente popularidade?

Neuropsicofarmacologista e ex-responsável governamental na área dos medicamentos, o Professor David Nutt tornou-se um dos principais cientistas na defesa do direito à medicina psicadélica para a saúde mental. Nesta entrevista, ele explica que o tempo para legalizar é agora.

Este fármaco é autorizado na Ucrânica como tratamento para a doença mental desde 2017. Mas agora os soldados com traumas de guerra estão a ser tratados com ketamina para «aliviar a pressão emocional».

Cetamina, MDMA, psilocibina ou cannabis têm em comum o facto de serem drogas ilícitas e de possuírem propriedades terapêuticas. Como o potencial destas substâncias está a ser alvo de várias experiências, cujos resultados têm sido promissores, o SICAD organizou um dossier temático.

Os seres humanos confiam num estranho conjunto de químicos naturais. A grande questão é o porquê de plantas, cogumelos e micróbios, e até alguns animais, produzirem químicos com propriedades salva-vidas. O meu trabalho enquanto biólogo evolucionista que estuda a ancestral batalha entre plantas e herbívoros é precisamente responder a esta pergunta. Ao fazê-lo, podemos recolher informação essencial sobre o potencial dos químicos que foram forjados pela evolução.

Os resultados dos tratamentos com cetamina [ou ketamina] de doentes com depressão resistente no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa permitem concluir que os sintomas se reduziram em 70% dos casos.

A ketamina pode reduzir os sintomas de stress pós-traumático e sintomas de depressão tão depressa quanto um dia depois da injecção. Essa foi a descoberta principal do novo estudo de metaanálise da equipa de C. Michael White, da Universidade de Connecticut, recentemente publicado no jornal científico Annals of Pharmacotherapy.